animais sagrados do egito antigo

Os Animais Egipcios não eram simplesmente venerados, mas também criados especificamente para sacrifícios, mumificações e até comercializados para peregrinos que visitavam os templos.

 

Na verdade, esta prática religiosa atingiu seu auge durante a Época Baixa (664-332 a.C.), gerando rendas significativas para santuários e para o clero.
Neste artigo, exploraremos por que gatos eram considerados guardiões dos lares, como o touro Ápis era mumificado com o mesmo cuidado dedicado aos faraós e qual era o significado do escaravelho na simbologia egípcia.

 

 Consequentemente, você entenderá melhor por que os egípcios antigos acreditavam que deuses e deusas conviviam diariamente com eles através desses animais sagrados.

 

A relação entre os deuses e os animais no Egito Antigo

 

Para os antigos egípcios, o mundo natural não era apenas um cenário de sua existência, mas um reflexo direto da presença divina. Diferentemente de outras civilizações, a relação entre deuses e animais no Egito era profundamente simbiótica e complexa, baseada em conceitos específicos de representação divina.

 

Um aspecto fundamental dessa relação era o zoomorfismo, onde os deuses eram representados em formas animais completas, e o antropomorfismo, quando apareciam com características humanas. Existia ainda o antropozoomorfismo, manifestação em que os deuses possuíam corpo humano com cabeça de animal ou vice-versa.

 

Essa capacidade de transformação entre diferentes formas era considerada parte da natureza excepcional das divindades.
É importante esclarecer que, teologicamente, os animais não eram considerados deuses em si mesmos, mas sim representações ou manifestações físicas do poder divino.

 

Como explicam os egiptólogos, eles eram essencialmente o "ba" (uma espécie de manifestação) das divindades na terra. No entanto, após 700 a.C., essa linha divisória começou a se tornar menos definida, com os próprios animais sendo cada vez mais reverenciados.

 

Assim, o falcão não era simplesmente um animal, mas a manifestação de Hórus, deus do céu e da realeza. O gato representava Bastet, protetora do lar e símbolo de fertilidade. O cão selvagem (não o chacal, como se pensava erroneamente) encarnava Anúbis, guardião das necrópoles.

 

O crocodilo era associado a Sobek, representante da fertilidade e poder do Nilo.
Dentro dos templos egípcios, considerados moradas divinas, acreditava-se que o "ba" do deus encarnaria tanto nas estátuas quanto nos animais sagrados que ali viviam.

 

Por isso, esses animais recebiam cuidados especiais, sendo alimentados, perfumados e protegidos em recintos específicos.
Os rituais envolvendo esses animais sagrados eram conduzidos por irmandades sacerdotais dedicadas a cada divindade.

 

Após sua morte, os animais eram mumificados meticulosamente, com cerimônias que, no caso dos touros sagrados como Ápis, chegavam a se igualar em complexidade aos rituais funerários da realeza.

 

Essa prática religiosa também movimentava significativamente a economia dos templos, pois os peregrinos compravam animais sagrados dos sacerdotes para oferecê-los em sacrifício, pagando posteriormente por seu embalsamamento e cerimônias funerárias.

 

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Os principais animais sagrados e seus significados

 

Entre a vasta gama de animais sagrados venerados no Egito Antigo, alguns se destacaram pelo profundo significado que carregavam na religiosidade e cultura desta civilização. A simbologia desses seres ultrapassava o simples aspecto físico, representando conceitos fundamentais da existência humana e divina.

 

Anúbis, deus dos mortos e guia das almas, era representado com cabeça de chacal. Considerado o guardião das necrópoles e protetor das pirâmides, ele supervisionava o processo de mumificação.

 

Durante o julgamento do morto, Anúbis pesava o coração do falecido contra a Pena da Verdade. Se o coração fosse mais leve, a alma poderia seguir para o paraíso; caso contrário, seria devorada por Ammit, o temível monstro com partes de leão, hipopótamo e crocodilo.

 

O touro Ápis alcançou notável projeção como deus da fertilidade, vegetação renascida e ressurreição. Adorado desde 3100 a.C., era considerado o "arauto vivo de Ptah" e simbolizava a força vital da natureza.

 

Identificado por marcas específicas – corpo negro, manchas brancas em formato de abutre ou águia no dorso e um escaravelho sob a língua – o touro participava da importante "corrida ritual" ao lado do faraó, cerimônia que confirmava o poder real.

 

Bastet, deusa felina cultuada desde a II dinastia (2890 a.C.), era considerada filha do deus Rá. Inicialmente representada como leoa, posteriormente assumiu a forma de gato ou de mulher com cabeça felina.

 

Seus aspectos de proteção e qualidades maternais eram particularmente enfatizados, sendo associada à proteção do lar.
Hórus, deus dos céus e dos vivos, aparecia como falcão ou homem com cabeça de falcão.

 

Filho de Ísis e Osíris, seus olhos simbolizavam o Sol e a Lua. Os faraós eram considerados encarnações terrenas deste deus, estabelecendo assim uma linhagem divina que legitimava seus reinados.

 

Khepri, divindade associada ao escaravelho, simbolizava o renascimento diário de Rá. O comportamento deste inseto, carregando bolas de estrume, era comparado às forças que moviam o sol.

 

Desse modo, o escaravelho tornou-se símbolo de renovação, transformação e proteção espiritual.
Sobek, o deus crocodilo, representava tanto a fertilidade quanto o caos. Associado ao poder do Nilo e às cheias anuais que fertilizavam as terras, era também protetor do faraó e do povo egípcio em tempos de guerra.

 

Explore Por Que o Gato do Egito Era Considerado Sagrado?

Rituais, templos e a mumificação dos animais egípcios

 

A mumificação de animais sagrados reflete uma prática religiosa extraordinária no Egito Antigo, atingindo proporções impressionantes durante o período entre 650 e 250 a.C., quando milhões desses seres foram preservados como oferendas divinas.

 

Esse fenômeno singular transformou o país em uma verdadeira "fábrica de múmias", como descrevem os arqueólogos.
Um dos exemplos mais notáveis dessa prática é o Serapeum de Saqqara, complexo funerário monumental dedicado aos touros Ápis.

 

Estes animais eram considerados encarnações vivas do deus Ptah e recebiam tratamento digno de realeza. Após sua morte, eram cuidadosamente mumificados e sepultados em enormes sarcófagos de pedra, pesando entre 60 e 80 toneladas, dentro de galerias subterrâneas extensas.

 

Os rituais de mumificação seguiam processos meticulosos, semelhantes aos realizados em humanos. Primeiro, os órgãos internos eram removidos, depois o corpo era limpo e preservado.

 

Durante todo o processo, sacerdotes especializados conduziam cerimônias religiosas específicas para garantir a passagem segura do animal para o além.
Além disso, os templos egípcios abrigavam animais sagrados vivos, tratados com extrema reverência como manifestações terrenas das divindades.

 

Na morte desses seres especiais, o luto podia atingir proporções nacionais, como no caso do touro Ápis.
As múmias animais desempenhavam diversos papéis na sociedade egípcia. Algumas serviam como oferendas votivas durante festivais religiosos, outras como companheiros para a vida após a morte.

 

No caso dos gatos mumificados, encontrados aos milhares nos templos dedicados à deusa Bastet, acreditava-se que ofereciam proteção e boa sorte aos devotos.

 

As escavações arqueológicas revelaram necrópoles impressionantes, como a de Saqqara, onde estima-se que foram depositados mais de 1,5 milhão de íbis mumificados. Em Tuna el-Gebel, aproximadamente quatro milhões dessas aves sagradas foram encontradas, evidenciando a escala monumental dessa prática religiosa.

 

O culto aos animais sagrados foi praticado até o final do período greco-romano, quando, com a ascensão do cristianismo e mudanças políticas no século III d.C., essas tradições milenares começaram gradualmente a desaparecer.

 

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Conclusão

 

Ao longo deste artigo, pudemos desvendar a complexidade e profundidade do sistema religioso egípcio, que estabelecia uma conexão única entre o divino e o mundo animal.

 

Certamente, a veneração desses animais sagrados transcendia o simples culto, representando uma visão de mundo onde o espiritual e o natural se entrelaçavam perfeitamente.

 

Essa prática religiosa, que atingiu seu apogeu durante a Época Baixa, demonstra a sofisticação teológica dos egípcios antigos.
Os rituais de mumificação animal, particularmente, revelam muito sobre a sociedade egípcia.

 

Desde os imponentes touros Ápis, sepultados com honras reais no Serapeum de Saqqara, até os milhões de íbis e gatos preservados como oferendas votivas, testemunhamos uma cultura que dedicava recursos extraordinários à manutenção de sua relação com o divino.

 

Essa dimensão econômica dos cultos animais sustentava templos e sacerdotes, criando um sistema religioso que permeava todos os aspectos da vida cotidiana.

 

Além disso, a riqueza simbólica associada a cada animal sagrado – o falcão Hórus representando o poder real, o escaravelho Khepri simbolizando renovação, o crocodilo Sobek encarnando tanto a fertilidade quanto o caos – evidencia um pensamento religioso extremamente elaborado.

 

Dessa forma, compreendemos que os animais sagrados não eram apenas objetos de adoração, mas veículos através dos quais os egípcios buscavam entender e interagir com as forças cósmicas que governavam suas vidas.

 

Embora essas tradições tenham gradualmente desaparecido com a ascensão do cristianismo, seu legado permanece vivo nos incontáveis artefatos e múmias que hoje ocupam museus ao redor do mundo.

 

Indiscutivelmente, o estudo dessas práticas nos permite contemplar uma civilização que, através de sua relação singular com os animais sagrados, desenvolveu uma das tradições religiosas mais duradouras e fascinantes da história humana.


FAQs


Q1. Quais eram os principais animais sagrados no Egito Antigo?

 

Os principais animais sagrados incluíam o gato (associado à deusa Bastet), o touro (representando Ápis), o falcão (ligado a Hórus), o crocodilo (relacionado a Sobek) e o escaravelho (simbolizando Khepri). Cada um desses animais tinha um significado especial na religião e cultura egípcia antiga.


Q2. Por que os egípcios mumificavam animais?

 

 Os egípcios mumificavam animais como parte de suas práticas religiosas. Acreditava-se que esses animais eram manifestações terrenas dos deuses.

A mumificação servia como oferenda aos deuses, companhia para o além-vida e, em alguns casos, como símbolo de proteção e boa sorte para os devotos.


Q3. Qual era o significado do gato na cultura egípcia antiga?

 

O gato era considerado sagrado no Egito Antigo, associado à deusa Bastet. Era visto como protetor do lar, símbolo de fertilidade e guardião contra pragas. Os gatos eram tão respeitados que sua morte podia resultar em luto nacional, e eram frequentemente mumificados.

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