Quem Construiu as Pirâmides do Egito? A Verdade Que os Livros Não Contam

A construção das pirâmides do Egito intriga historiadores há séculos. A Grande Pirâmide de Gizé, erguida por volta de 2.560 a.C., foi a estrutura mais alta do mundo por 3.800 anos.

Símbolos do poder dos faraós, essas obras impressionam pela precisão e escala. Acredita-se que existam entre 118 e 138 pirâmides no Egito.

Estudos sugerem que rampas em zigue-zague foram usadas para transportar os blocos, como na Pirâmide de Quéops, feita com 2,3 milhões de pedras, algumas pesando até 2,5 toneladas.

Este artigo revela quem construiu essas maravilhas e como elas foram erguidas com tamanha perfeição.

O que eram as pirâmides e por que foram construídas

As pirâmides egípcias representam muito mais que simples construções arquitetônicas. Esses monumentos históricos carregam profundo significado religioso e complexidade estrutural, sendo considerados uma das mais impressionantes realizações da civilização antiga.

Símbolos de poder e religião

As monumentais estruturas piramidais do Egito Antigo simbolizavam a grandiosidade do poder faraônico e sua conexão com o divino.

A forma única das pirâmides, apontando para o céu, não era acidental. Acredita-se que representavam o monte primordial a partir do qual os egípcios acreditavam que a Terra foi criada.

 Além disso, essa forma geométrica simbolizava os raios descendentes do Sol, estabelecendo uma ligação entre o mundo terreno e o celestial.

A maioria das pirâmides era revestida por pedra calcária branca polida e altamente reflexiva, o que proporcionava uma aparência brilhante quando vistas à distância.

Esse aspecto visual reforçava sua função como portais divinos, manifestando fisicamente a conexão entre faraós e deuses.

A crença na vida após a morte

Um elemento central na religião egípcia era a crença na continuidade da existência após a morte física. Para os antigos egípcios, a vida terrena representava apenas uma etapa de uma jornada que continuaria eternamente.

Essa concepção fundamentava a necessidade de preparar o falecido para sua transição ao outro mundo.A crença na vida após a morte

Os egípcios acreditavam que para o faraó alcançar a vida após a morte, ele deveria superar uma série de desafios no submundo.

 Por isso, as pirâmides eram equipadas com textos religiosos e mágicos, conhecidos como Textos das Pirâmides, que serviam como guias nessa jornada espiritual.

A eternidade constituía um conceito central na mitologia egípcia. As pirâmides, com suas bases quadradas representando a terra e os lados convergindo para um ponto no céu, simbolizavam a união do terreno e do celestial, do humano e do divino.

Função funerária e política

As pirâmides serviam primariamente como túmulos reais para os faraós. Porém, seu propósito ultrapassava a simples função de sepultura.

Politicamente, essas estruturas monumentais manifestavam o poder e a autoridade do governante, demonstrando sua capacidade de mobilizar enormes recursos e mão de obra.

Todas as pirâmides egípcias foram construídas na margem ocidental do rio Nilo, local onde ocorre o pôr-do-sol, associado ao reino dos mortos na mitologia egípcia.

Essa escolha geográfica não era aleatória, mas carregada de significado simbólico.

As pirâmides também desempenharam papel crucial na preservação da identidade dos faraós e na comunicação de sua grandeza às gerações futuras.

Foram concebidas como monumentos duradouros, representando a permanência do governante na memória coletiva e assegurando sua imortalidade tanto física quanto simbólica.

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As pirâmides mais famosas do Egito

Entre as 123 pirâmides catalogadas no Egito, algumas se destacam por sua grandiosidade e importância histórica. Estes monumentos fascinantes contam histórias específicas de diferentes períodos da civilização egípcia.

Pirâmide de Djoser em Saqqara

A primeira pirâmide do mundo foi construída por volta de 2630 a.C., sob ordens do faraó Djoser da Terceira Dinastia.

Projetada pelo vizir Imhotep, que posteriormente foi venerado como divindade, esta estrutura revolucionária abandonou o modelo tradicional de tumbas retangulares (mastabas).

Com 62 metros de altura originalmente, a pirâmide escalonada exibe seis degraus de pedra sobrepostos.

O complexo arqueológico de Saqqara, localizado a 32 km do Cairo e 23 km das Pirâmides de Gizé, abriga esta obra pioneira que mede 140 metros de comprimento por 118 metros de largura.

Após extensa restauração concluída em 2020, que custou aproximadamente 6,6 milhões de dólares, este monumento continua sendo uma fonte valiosa de conhecimento arqueológico.

As três pirâmides de Gizé

Na península de Gizé encontram-se as três pirâmides mais conhecidas do mundo:

A Pirâmide de Quéops (ou Queóps), a maior delas, possui base de 230 metros e altura original de 174 metros. Construída com impressionantes 2,3 milhões de blocos de pedra pesando entre 2,5 e 60 toneladas cada, sua construção teria durado 20 anos e empregado cerca de 100 mil homens.

A Pirâmide de Quéfren, segunda maior, alcança 143 metros de altura. Filho de Quéops, o faraó Quéfren construiu sua pirâmide 10 metros mais baixa que a do pai, por respeito. Próxima a ela está a famosa Esfinge.

A Pirâmide de Miquerinos, a menor das três, tem 65 metros de altura e base de 105 metros.

Construída para o filho de Quéfren (portanto, neto de Quéops), também apresenta câmaras internas, corredores íngremes e passagens falsas para confundir saqueadores.

Outras pirâmides menos conhecidas

Além do complexo de Gizé, destacam-se outras construções importantes como as pirâmides de Dahshur: a Pirâmide Vermelha e a Pirâmide Curvada, ambas construídas pelo faraó Senefru.

A Pirâmide Vermelha foi a primeira com faces perfeitamente triangulares, enquanto a Curvada representa uma transição entre o modelo escalonado e o de faces lisas.

Outras estruturas notáveis incluem as pirâmides de Fayoum (Hawara e El Lahun) e o complexo de Abusir com suas quatorze pirâmides, das quais três são consideradas principais.

Como as pirâmides foram construídas

Os métodos utilizados para erguer as monumentais pirâmides egípcias permanecem parcialmente misteriosos, embora pesquisas recentes tenham revelado importantes detalhes sobre essas proezas de engenharia antiga.

Uso de rampas e trenós

A teoria mais aceita sugere que os egípcios utilizaram um sistema de rampas para transportar os enormes blocos de pedra. Em 2018, arqueólogos descobriram restos de uma rampa de aproximadamente 4.500 anos em uma antiga pedreira de Hatnub, revelando um engenhoso sistema com inclinação de até 20%.

 Esta rampa possuía degraus laterais e postes de madeira que permitiam aos trabalhadores puxar os blocos de ambos os lados simultaneamente, criando um eficiente sistema de polias.

Os blocos eram colocados sobre trenós de madeira e arrastados sobre a areia. Um detalhe fascinante foi revelado em 2014, quando físicos holandeses descobriram que os egípcios molhavam a areia à frente dos trenós para reduzir o atrito.

Esta técnica simples, representada em uma pintura na tumba de Djehutihotep, reduzia pela metade a força necessária para mover os blocos.

Materiais utilizados: calcário, granito e basalto

A Grande Pirâmide consiste em aproximadamente 2,3 milhões de blocos de pedra extraídos de pedreiras próximas. Os materiais predominantes eram:

Calcário: utilizado na maior parte da estrutura, totalizando cerca de 5,5 milhões de toneladas
Granito: aproximadamente 8 mil toneladas, transportado de Assuã, a mais de 800 km de distância

Basalto: usado em partes específicas da construção
Organização da força de trabalho

Contrariando a crença popular, evidências arqueológicas indicam que as pirâmides não foram construídas por escravos. A força de trabalho era composta principalmente por camponeses egípcios que trabalhavam durante as cheias do Nilo, quando a agricultura ficava impossibilitada.

Documentos encontrados em Wadi al Jarf revelam registros de um capitão chamado Merer, descrevendo como ele e seus 40 homens transportavam pedras das pedreiras para o canteiro de obras.

Estima-se que entre 20.000 e 30.000 trabalhadores participaram da construção da Grande Pirâmide, organizados hierarquicamente.

Um estudo moderno de gestão de construção sugere que o projeto exigiu uma média de 14.567 trabalhadores, com pico máximo de 40 mil pessoas.

Teorias sobre a engenharia envolvida

Além das rampas, pesquisas recentes propõem teorias complementares. Uma delas, publicada na revista PNAS, sugere que os construtores aproveitaram um antigo braço do rio Nilo, hoje extinto (braço de Khufu), para transportar materiais por via fluvial.

 Os egípcios teriam criado um complexo portuário com canais e bacias que funcionavam como um "elevador hidráulico" durante as cheias anuais.

Outra hipótese recentemente publicada na revista PLOS One propõe um dispositivo de elevação hidráulica que teria flutuado as pedras através do centro da pirâmide utilizando água armazenada, uma possibilidade viável considerando que o clima no Saara era mais úmido na época do Reino Antigo.

Quem realmente construiu as pirâmides

Contrariando a popular crença hollywoodiana, descobertas arqueológicas recentes revelam uma verdade diferente sobre quem ergueu os monumentos mais impressionantes do Egito Antigo.

Trabalhadores pagos ou escravos?

Tumbas descobertas próximas às pirâmides de Quéops e Quéfren contêm restos mortais de trabalhadores que morreram durante a construção.

"Essas tumbas foram construídas ao lado da pirâmide do faraó, o que indica que essas pessoas não eram, de forma alguma, escravos", afirmou o arqueólogo Zahi Hawass.

A localização privilegiada dessas sepulturas seria impossível para escravos, pois "se fossem escravos, eles não poderiam ter construído suas tumbas ao lado da do faraó".

Alguns túmulos continham até mesmo bens para a vida após a morte, outra honraria improvável para pessoas escravizadas.

Evidências arqueológicas de Wadi al-Jarf

Em 2013, arqueólogos descobriram papiros em Wadi al-Jarf, na costa do Mar Vermelho, que transformaram nossa compreensão sobre a construção das pirâmides.

Entre esses documentos, destaca-se o diário de Merer, líder de uma equipe de 200 trabalhadores especializados que transportavam materiais para a Grande Pirâmide.

Escrito durante o 26º ano do reinado de Quéops, o diário detalha como sua equipe extraía blocos de calcário das pedreiras de Tura e os transportava por barco até Gizé.

Os registros mostram que os trabalhadores recebiam pagamentos regulares. O Papiro H especifica que as rações incluíam "pão, cerveja e figos".

Além disso, os operários recebiam tecidos que "provavelmente eram considerados uma espécie de dinheiro na época". Funcionários de cargos mais importantes podiam até receber "doações de terras".

A vida dos operários: alimentação, saúde e moradia

Para abrigar os aproximadamente 20 mil trabalhadores envolvidos na construção, foi criada uma comunidade de mais de 150 mil m², protegida pela "Muralha do Corvo", uma parede de calcário de 10 metros de altura.

Dentro desse complexo, evidências arqueológicas revelam uma organização social hierarquizada.

Quanto à alimentação, registros mostram que diariamente eram enviados "21 vacas e 23 cordeiros para alimentar cerca de 10 mil pessoas".

 Escavações em Gizé revelaram que os trabalhadores consumiam "pão levedado, pão ázimo, carnes diversas, tâmaras, mel e leguminosas, tudo acompanhado com cerveja".

Os restos mortais de trabalhadores mostram ossos curados de fraturas, indicando acesso a cuidados médicos eficientes.

 Entretanto, o trabalho não era fácil - evidências revelam que muitos morreram por ferimentos recebidos durante a construção.

As pirâmides egípcias vão além de túmulos: são feitos de engenharia impressionantes construídos por trabalhadores livres, bem organizados e valorizados.

Técnicas como rampas e uso inteligente da física revelam a engenhosidade dos antigos egípcios. Símbolos de poder e espiritualidade, continuam fascinando e desafiando nossa compreensão até hoje.

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