O Museu Nacional da Civilização Egípcia, inaugurado em 2021 em Fustat, abriga as múmias de 18 reis e 4 rainhas, incluindo Ramsés II. Com 490.000 m², destaca-se como o primeiro museu árabe dedicado às civilizações egípcias, integrando exposições, centro de restauração e pesquisas.
Dividido entre uma ala subterrânea de múmias e um salão com 1.600 peças do acervo de 50.000 artefatos, o espaço moderno narra a história do Egito desde a pré-história até hoje.

A história por trás do novo Museu Nacional da Civilização Egípcia
A pedra fundamental do Museu Nacional da Civilização Egípcia foi lançada em 2002, resultado de uma campanha que começou vinte anos antes entre a UNESCO e o governo egípcio. Este ambicioso projeto finalmente ganhou vida plena após quase duas décadas de desenvolvimento.
O projeto e sua inauguração em 2021
Embora tenha tido uma abertura parcial em 2017 com um salão de exposições temporárias de 1.000 metros quadrados, a inauguração completa do museu ocorreu em 4 de abril de 2021.
Com uma impressionante área de 135 mil metros quadrados, o MNCE abriga um acervo de 50 mil artefatos que contam a história egípcia desde tempos pré-históricos até a era moderna.
Apesar da vasta coleção, apenas 1.600 peças estão atualmente em exibição. O investimento para estabelecer este grandioso projeto ultrapassou 2 bilhões de libras egípcias, conforme informado pelo ministro do Turismo e Antiguidades.
A importância do desfile das múmias
No dia anterior à inauguração completa, em 3 de abril de 2021, ocorreu o chamado "Desfile Dourado dos Faraós". Este evento histórico transportou 22 múmias reais — 18 reis e 4 rainhas — do antigo Museu Egípcio na Praça Tahrir para o MNCE.
As múmias percorreram aproximadamente sete quilômetros em ordem cronológica de reinado, com o faraó Seqenenre Taá abrindo o desfile e Ramsés IX encerrando a procissão.
Para garantir a proteção destes tesouros históricos, as múmias foram colocadas em cápsulas especiais preenchidas com nitrogênio. O espetáculo mobilizou 60 motocicletas, 150 cavalos, 330 figurantes, 150 músicos e 150 percussionistas do Ministério da Defesa.
A professora Salima Ikram, da Universidade Americana do Cairo, explicou que o desfile ajudou o povo egípcio a "se envolver com o próprio passado".
Diferença entre o MNCE e o antigo Museu Egípcio
Enquanto no antigo Museu Egípcio as múmias eram exibidas lado a lado em salas apertadas sem muitas explicações, no MNCE elas são apresentadas individualmente, ao lado de seus sarcófagos, em um ambiente que recria as tumbas subterrâneas dos reis.
O novo museu oferece controle moderno de temperatura e umidade, além de projeções que lembram os túmulos originais.
Ademais, o arqueólogo Zahi Hawass destaca que, diferentemente do antigo museu, onde o ambiente macabro assustava muitos visitantes, o MNCE apresenta as múmias "de uma maneira bonita, para fins educacionais".
Outra distinção fundamental é que o MNCE conta a história de todas as civilizações que passaram pelo Egito organizadas cronologicamente, enquanto o Museu Egípcio foca apenas no Egito Antigo.

Ala das múmias: o coração silencioso do museu
No subsolo do Museu Nacional da Civilização Egípcia encontra-se um dos espaços mais impressionantes de todo o complexo. O acesso à ala das múmias acontece através de uma rampa com degraus largos que remete às antigas construções do Vale dos Reis ou da Pirâmide Vermelha.
Como é a experiência de visitar o subsolo
Ao descer para o salão das múmias, o visitante é recebido por um ambiente com pouca iluminação e um silêncio respeitoso, criando a sensação de adentrar verdadeiras tumbas antigas.
Antes da entrada principal, um painel em 360 graus exibe projeções das múmias reais, sendo este o único local onde fotografias são permitidas.
O espaço foi cuidadosamente projetado para oferecer um controle moderno de temperatura e umidade, com projeções que evocam os túmulos subterrâneos originais.
Múmias em destaque: Ramsés II, Tiye e Siptah
Entre as 22 múmias reais (18 reis e 4 rainhas), algumas impressionam especialmente pela extraordinária preservação. Ramsés II, conhecido como "O Grande", que reinou entre 1279 a.C. e 1213 a.C. por notáveis 66 anos, exibe ainda seus característicos cabelos grisalhos com tom amarelado.
A rainha Tiye surpreende pelos longos cabelos preservados, enquanto o faraó Siptah apresenta um pé visivelmente deformado, provavelmente resultado de poliomielite.
Outros detalhes surpreendentes incluem crânios alongados, unhas perfeitas e até marcas nos crânios de alguns faraós.
Por que não é permitido fotografar
Diferentemente das outras áreas do museu, onde é possível fotografar mediante pagamento de taxa adicional, na sala das múmias a fotografia é completamente proibida.
Esta restrição visa preservar a dignidade dos restos mortais e manter a atmosfera de respeito que o espaço exige. Além disso, contribui para a experiência mais contemplativa e educacional proposta pelo novo museu.
Sensações e impacto emocional da visita
O encontro com corpos preservados há mais de 3.000 anos provoca reações intensas nos visitantes. É comum que algumas pessoas se sintam impactadas ao confrontar a realidade destes cadáveres tão antigos.
Apesar de documentários e imagens disponíveis, nada se compara à experiência de estar frente a frente com estas figuras históricas, observando detalhes como cílios, cabelos e traços faciais preservados, proporcionando uma verdadeira viagem no tempo.

Uma viagem cronológica pela civilização egípcia
O principal salão do Museu Nacional da Civilização Egípcia apresenta uma jornada fascinante através dos milênios, contando a história do Egito desde seus primórdios até a contemporaneidade em uma exibição organizada cronologicamente.
Período pré-histórico e faraônico
Inicialmente, o percurso começa com artefatos do período pré-dinástico (5000-3000 a.C.), mostrando os primeiros vestígios da civilização às margens do Nilo.
A história faraônica, que se estendeu por impressionantes 2.700 anos (3300-332 a.C.), é dividida em três períodos principais: Reino Antigo, Médio e Novo.
Durante o Reino Antigo (3200-2134 a.C.), surgiram as primeiras escritas hieroglíficas e as monumentais pirâmides de Gizé. No Reino Médio (2040-1640 a.C.), o poder real sofreu descentralização e invasões dos hicsos.
Já o Reino Novo (1550-1070 a.C.) marcou o auge das conquistas egípcias, quando os faraós passaram a ser sepultados no Vale dos Reis.
Influência greco-romana e cristã
Posteriormente, a exposição aborda a transformação do Egito após a conquista de Alexandre Magno em 332 a.C., que fundou Alexandria como capital.
Durante o período helenístico (332-30 a.C.), o Egito recuperou sua influência regional sob o governo dos Ptolomeus, que construíram templos como os de Esna, Edfu e Kom Ombo. Em 30 a.C., com a derrota de Cleópatra VII, o Egito passou ao controle romano.
No século III, o cristianismo já havia se espalhado significativamente, tornando-se a religião predominante em 313 d.C. com o Édito de Milão.
Egito islâmico e moderno
A seção seguinte ilustra a rica tradição do Egito islâmico e sua evolução até os dias atuais. O museu destaca como a cultura egípcia continuou a florescer durante este período, preservando elementos de sua herança ancestral enquanto absorvia novas influências culturais e religiosas.
Peças curiosas: ferramentas, medicina e arquitetura
Entre os artefatos mais surpreendentes está um kit de dentista com mais de 3.000 anos, evidenciando o avançado conhecimento médico egípcio.
Os papiros médicos exibidos mostram tratamentos para diversas condições, desde doenças anorretais até câncer.
Além disso, instrumentos cirúrgicos como bisturis, pinças e cateteres demonstram técnicas semelhantes às utilizadas na medicina moderna.
Na seção de arquitetura, ferramentas de construção incrivelmente similares às atuais revelam como os egípcios criaram estruturas que resistiram por milênios, incluindo surpreendentes casas de três andares com técnicas antissísmicas.
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Planeje sua visita ao MNCE
Para aproveitar ao máximo sua visita ao Museu Nacional da Civilização Egípcia, é importante planejar alguns detalhes com antecedência. Desde como chegar até dicas para evitar as longas filas, confira todas as informações necessárias para uma experiência perfeita.
Localização e como chegar
O MNCE está situado próximo à Fortaleza da Babilônia, com vista para Ain El-Sira, no coração da histórica cidade de Al-Fustat, ao sul do Cairo.
Localizado aproximadamente a 7 km do centro da cidade, a melhor maneira de chegar ao museu é utilizando o Uber, já que o transporte público local é deficitário.
Em abril de 2022, uma viagem de Uber do hotel Fairmont Nile City até o museu custava cerca de 74,70 libras egípcias.
Horários de funcionamento e ingressos
O museu funciona diariamente das 9h às 17h, com um horário estendido às sextas-feiras, quando também abre das 18h às 21h. Durante o mês do Ramadã, é importante notar que o MNCE fecha mais cedo, às 16h.
A última entrada permitida normalmente é às 16h, enquanto nas sextas-feiras (sessão noturna) é às 20h.
Os ingressos para estrangeiros custavam inicialmente 200 libras egípcias (aproximadamente R$ 37), mas foram atualizados para 240 libras em março de 2023.
Estudantes pagam metade do valor (100 libras), enquanto crianças menores de 6 anos e adultos com mais de 60 anos têm entrada gratuita. Os ingressos podem ser adquiridos na entrada do museu ou antecipadamente pelo site oficial.
Dicas para evitar filas e aproveitar melhor
Para uma experiência mais tranquila:
Compre seus ingressos antecipadamente online para evitar as longas filas nas bilheterias
Chegue cedo, especialmente durante a alta temporada turísticaLembre-se que, como em todos os locais públicos no Egito, é necessário passar por um detector de metais
Deixe bolsas grandes no guarda-volumes disponível
Use calçados confortáveis, pois o museu exige bastante caminhada
O museu é totalmente acessível para cadeiras de rodas e possui guias em braile para visitantes com deficiência visual
Outros museus próximos para visitar
O MNCE está rodeado por alguns dos sítios históricos mais importantes do Cairo, incluindo o Museu Copta, a Igreja Suspensa e a Sinagoga Ben Ezra.
Além disso, nas proximidades encontram-se algumas das mesquitas, igrejas e sinagogas mais antigas e famosas do Egito, possibilitando um roteiro cultural completo em um único dia.
O Museu Nacional da Civilização Egípcia é um marco na preservação da história do Egito, exibindo múmias reais e artefatos desde a pré-história até hoje.
Inaugurado após o grandioso desfile dourado, oferece uma experiência imersiva e educativa. Mais que um museu, é símbolo do orgulho e da conexão cultural do povo egípcio com seu passado.
Visite o MNCE e conecte-se com mais de 5.000 anos da história do Egito!